terça-feira, 6 de dezembro de 2011

É Natal, é Natal...

A Época Natalícia é, por excelência, a época da confraternização e comunhão de amor e solidariedade entre os Povos.

É com especial agrado que escrevo umas linhas sobre esta, tão emblemática e reconfortante, temática apesar de ser para mim uma altura do ano que me enche o coração de amor mas que também o entristece em grande parte.

É no Natal que nos lembramos de todos os amigos, familiares, vizinhos e colegas de trabalho que não vêmos ou não contactamos à sensívelmente... um ano. É no Natal que compramos presentes e os embrulhamos entusiasmados como se um pouco de nós estivesse colocado naquele embrulho. É também nesta Época que nos tornamos mais sensíveis com todos os que sofrem, sejam eles quem forem.

Incrivelmente, ou não, esperamos impacientemente pela véspera de Natal para podermos disfrutar da respectiva ceia e também dos presentes. Não só desejamos muito abri-los como também apreciar, de perto ou não, a abertura dos que foram oferecidos por nós.

É uma noite mágica que transborda alegria e calor humano. Pena é que dure tão pouco. O tempo esvai-se e restam os embrulhos espalhados pelo chão e a mesa a testemunhar todos os excessos, ou não, que lá foram cometidos.

Sem dúvida que é ótimo o sentimento que vagueia pelas casas nesta Noite e no dia de Natal propriamente dito. Tudo o que referi me enche de alegria, nomeadamente ver a alegria dos que presenteámos, a alegria e a emoção das crianças radiantes a desembrulhar as prendas a tentar brincar com todas de uma só vez como se não houvesse amanhã.

Porém o amanhã existe..

...e esta é a parte que mais tristeza me traz. Por vezes, no meio da alegria, penso "por que motivo não é sempre Natal?". Qual a razão pela qual não se aplica aquelo velho e sábio ditado que demonstra que a capacidade de amar e compreender o próximo depende somente de cada um de nós e não de toda a conjuntura que nos rodeia - O Natal é quando o Homem quiser -

Tudo isto para dizer que todos os dias nos devemos lembrar dos que nos são próximos mas também daqueles que por um motivo ou outros estão mais longe. Todos os dias nos devemos lembrar de quem sofre, de quem tem frio e fome, de quem chora por nada ter.

Em todo o caso...

... é Natal, é Natal...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A cegueira pura e dura

Já diz o ditado que " o maior cego é aquele que não quer ver ".
Foi publicado em 1995 o Romance do grande Escritor José Saramago intitulado " Ensaio sobre a cegueira ", um relato aflitivo da vida humana que nos mostra do que realmente é feita a Sociedade. Uma Sociedade egocêntrica e egoísta que em estado de necessidade extrema ou não, se vira para si própria esquecendo tudo o que a rodeia.
Na verdade não se podem deitar culpas à Sociedade no geral mas antes a cada um dos seus membros. Todos, cada um por si, ajudam à manutenção de um clima de guerra, denso, sombrio e penoso que é sentido dia após dia no Mundo em que vivemos.
Na adaptação para Cinema em 2008 é-nos apresentada uma imagem real da obra de José Saramago. Penso que o filme foi o complemento visual da obra literária do Autor e foi o reviver de imagens que a própria nos mostrava conforme se iam lendo as suas linhas.
Muitas leituras se podem fazer da obra mas penso que uma é gritante que é a de que o Ser Humano caminha para uma destruição não só fisica como também mental para a qual tem de se pôr um travão antes que seja tarde demais.
Interpreto a cegueira descrita na já citada obra não como um mal físico do qual padecemos mas como um estado de espírito comum que serve de veículo para o clima em que vivemos.
É gritante o estado de pouca graça em que vivem as relações humanas, em muitos casos desumanas, senão vejamos:
- No trânsito todos correm como loucos sem olhar a meios para chegar ao destino, esquecendo-se muitas vezes das regras de boa convivência e até mesmo das de trânsito;
- Nos transportes públicos todos se acotovelam para arranjar um espaço, empurram para poder entrar, muitas vezes sem se lembrar o quanto odeiam que lhes façam o mesmo;
- Nos serviços públicos, nos supermercados e até mesmo nos serviços de restauração respira-se muitas vezes um ar carregado de quem não é feliz ao servir outrém;
- Pessoas que matam, roubam e mal tratam o seu semelhante , sem dó nem piedade, como se fosse esse o único caminho a seguir.

Certamente que muitos mais exemplos poderiam ser citados e , infelizmente, sem grande dificuldade. Era bom acreditar que esta cegueira, tal como na obra de José saramago, era apenas passageira e que um dia ao acordar se veria um Mundo novo, carregado de valores positivos e que todos juntos e a remar para o mesmo lado construíamos uma Sociedade com tudo aquilo a que tem direito.
Será sonhar muito alto? Talvez sim!!!
Certo é que, tal como diz o ditado "Em todo o lado há bom e mau"